Sessão Nostalgia: O DONO DO MUNDO

Exibida de 20 de maio de 1991 a 04 de janeiro de 1992, pela Rede Globo, no horário das 20h. Com 197 capítulos.

Novela de Gilberto Braga. Escrita com Leonor Basséres, Sérgio Marques, Ângela Carneiro e Ricardo Linhares.

Direção de Denis Carvalho, Ricardo Waddington, Mauro Mendonça Filho e Ivan Zettel. Com direção geral de Denis Carvalho.

Esta era a segunda novela de Gilberto Braga da trilogia de Gilberto Braga, em que ele questionava a honestidade no Brasil - iniciado com "Vale Tudo" e finalizado em "Pátria Minha". "O Dono do Mundo" começou com toda a pompa e requinte que uma novela precisa. Com um elenco de primeira grandeza, um excelente direção e uma trama forte e envolvente, alinhavada por um texto nos moldes , de Gilberto Braga, esta novela tinha foi lançada para se tornar um marco da televisão brasileiro. PMárcia e Felipe Barretoorém, logo nos primeiros capítulos já se podia acompanhar a derrocada de "O Dono do Mundo". Os telespectadores torceram o nariz para a trama original de de Gilberto Braga, tendo que mudar muitos aspectos para que o público se interessasse pela novela novamente.

A Globo, desesperada com o insucesso da novela, lançou mão de pesquisas de opinião, para saber o que o público não gostava em "O Dono do Mundo". Os grupos apontavam então, que ninguém suportava as sucessivas vitórias do vilão, Felipe Barreto (Antônio Fagundes), e tampouco acrditavam que um jovem como Márcia (Malu Mader), com curso superior, vivendo no Rio de Janeiro do início dos anos 90, pudesse ser tão facilmente levada na conversa do vilão. Nenhum dos autores imaginavam que a virgindade feminina ainda fosse um tabu na época. Quem acabou lucrando com isso, foram as outras emissoras, que começaram a ganhar com a baixa audiência da novela. A principal beneficiada foi a enlatada "Carossel" do SBT, concorrente direta no horário, e que apesar da precária produção, tornou-se um grande sucesso.

Acostumado a mobilizar o país com suas tramas, Gilberto Braga confessou ter se assustado com a rejeição do público. Grande parte dos telespectadores se diziam ofendidos pela novela, que segundo eles, discriminavam as classes D e E, considerados pobres. A solução encontrada por Gilberto então, foi reformular toda a trama. Uma das primeiras alterações foi tentar fazer com que o público ficasse ao lado de Márcia, já que o charme emprestado por Antônio Fagundes à seu Felipe, e a degradação dos princípios morais, faziam com que os telespectadores não se indignassem com as armações do vilão, o que comprometia a espinha dorsal da novela, que era tornar Márcia na vítima, para a posterior vingança. Essa revolução começou quando Márcia agride Felipe com um bisturí, indo parar na cadeia.

Sílvio de Abreu, convidado por Gilberto, colaborou com as mudanças na trama, e como já é comum nas suas histórias, deu mais agilidade à ação, modificando os perfis de alguns personagens, o que fez com que aos poucos a trama reconquistasse o público. Sobre a trama, Gilberto comentou: "O púlbico é estranho. Gostava de Thaís, uma prostitua de boate, e adorava Olga, a cafetina (...) No entanto, odiava a heroína. Passei oito tentando fazer com que gostassem dela!".

A grande sensação de "O Dono do Mundo", foi Ângelo Antônio, intérprete de Guilhrme, que ficou conhecido como Beija-Flor. O personagem havia sido escrito para Felipe Camargo, que não pôde fazer o papel por estar envolvido em problemas matrimoniais com Vera Fischer. Vindo da explosão de "Pantanal", Ângelo fez o teste e ganhou o papel. O carisma do personagem unto ao público foi tanto que BeijaBeija-Flor e Thaís-Flor deixou de fazer surf ferroviário e de se envolver com marginais, para se tornar num baluarte à honestidade pela Associação Brasileira de Marketing, após uma trama em que o personagem recusou 10% da comissão para fechar um negócio. A campanha levou então, o nome do personagem.

O controverso romance de Beija-Flor com Thaís (Letícia Sabatella) também foi outro ponto forte da trama. Certamente, contribui, e muito na recuperação da audiência da novela. A química entre Ângelo e Letícia era tanta que eles levaram o romance para fora das telas, casando pouco tempo depois. Aliás, Beija-Flor foi assim batizado numa homenagem à Cazuza, autor da canção "Codinome Beija-Flor", que na trama era interpretada por Luiz Melodia. Também havia uma blusa da Sociedade Viva Cazuza no figurino do personagem.

Felipe Barreto, o grande protagonista da novela, aparecia em cerca de 60% das cenas das primeiras semanas da novela, o que acabou fazendo com que o coração de Antônio Fagundes lhe pregasse um susto, obrigando-o ao repouso. Também, já perto do final de "O Dono do Mundo", quando Felipe se revela um eterno canalha, a Golden Cross, que havia aproveitado uma fase mais "boazinha" do personagem para trasformá-lo em "garoto propaganda", muda o anúncio de sua campanha publicitária por um outro em que Antônio Fagundes se distanciava do personagem, aproveitando ainda para lembrar que "a vida não é novela". O personagem ainda seria citado em "A Próxima Vítima" de Sílvio de Abreu, 1995, como o médico que realizara a cirurgia na vilã Isabela Ferreto (Cláudia Ohana).

Polêmica foi o que não faltou à "O Dono do Mundo". Começando por diversos cirurgões, que protestaram junto à Globo, sobre a falta de ética do cirurgião plástico, Felipe Barreto. Passando, pelo Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas do Rio de Janeiro, indignados - em nome de todos os profissionais das área -, diante da prática da personagem Vanda (Lucinha Lins), coagida a planta falsas notícias em colunas sociais. Havendo ainda, os protestos da cidade de Barra Mansa (RJ), em que o prefeito incentivou a população à se manifestar contra o autor e a Rede Globo, por mostrar a cidade como um local assolado por verminoses e pela dengue.

"O Dono do Mundo" contou com grandes atuações, como Fernanda Montengro, como a cafetina Olga Portela, que apesar da vida nem um pouco "honesta", cativou os telespectadores, que torciam a seu favor, e consequentemente contra Costância Eugênia, numa atuação perfeita de NatáliRodolfo, Paulinho e Stelaa Thimberg, como uma mulher dura, amarga, uma vilã até a última gota, que venderia até a alma para derrubar Olga, com quem seu marido tivera um caso no passado. Glória Pires, infelizmente, esteve numa atuação apagada, abrindo espaço para Letícia Sabatella se tornar a estrela-mor da novela. Aliás, foi a estréia da atriz em novelas, assim como Ângelo Antônio e Paulo Gorgulho, que só haviam atuado antes em "Pantanal".

Vale destacar também a belíssima abertura de Hans Donner e sua equipe. A sobreposição de imagens de mulheres sensuais sobre um globo numa cena de O Grande Ditador de Charles Chaplin, ficou perfeita. Um verdadeiro marco da televisão, que custou muitos dólares à Globo, devido aos problemas com direitos da exibição da cena do filme.

Sinopse

Felipe Barreto (Antônio Fagundes), um famoso e arrogante cirurgião plástico, conhece a professora suburbana Márcia (Malu Mader), noiva de Wálter (Tadeu Aguiar), funcionário de sua clínica. Ao saber que a moça é virgem, fica louco de desejo e, durante o casamento dela, aposta com o amigo Júlio (Daniel Dantas) que consegue levá-la para a cama antes do noivo. Ele ganha a aposta ao oferecer ao casal a lua-de-mel no Canadá, para onde também estava indo viajar. Mas os acontecimentos que levam a isso mudam para sempre o rumo da vida dos envolvidos.

Wálter acaba morrendo, e Márcia, abandonada por todos, dedica a sua vida a uma vingança implacável contra o amoral Felipe. Auxiliada pela cafetina de luxo Olga Portela (Fernanda Montenegro), Márcia chega aos poderosos e consegue colocar Felipe na cadeia. Mas é tarde demais, Márcia está apaixonada por ele, ignorando o assédio de dois homens que poderiam fazê-la feliz: Herculano (Stênio Garcia) e Otávio (Paulo Gorgulho).

Stela Olga Portela Constância Eugênia

Do outro lado da história está o caso de amor de Thaís (Letícia Sabatella) e Guilherme, o Beija-Flor (Ângelo Antônio). Ela se prostitui para ascender socialmente, e ele faz triunfar um grande tributo à honestidade.

Elenco

Antônio Fagundes/ Malu Mader/ Glória Pires/ Fernanda Montenegro/ Kadu Moliterno/ Ângelo Antônio/ Letícia Sabatella/ Natália Thimberg/ Stênio Garcia/ Paulo Gorgulho/ Antônio Calloni/ Daniel Dantas/ Maria Padilha/ Paulo Goulart/ Ana Rosa/ Suzana Ribeiro/ Hugo Carvana/ Odete Lara/ Cláudio Corrêa e Castro/ Beatriz Lyra/ Marcelo Serrado/ Daniela Perez/ Betty Gofman/ Tássia Camargo/ Antônio Grassi/ Otávio Mueller/ Jacqueline Laurence/ Jonathan Nogueira/ Leandro Figueiredo/ Betty Erthal/ Aléxia Deschmaps/ Jairo Mattos/ Jorge Pontual/ Cristina Galvão/ Yaçanã Martins/ Maria Helena Pader/ Rodrigo Mendonça/ Tuca Adranda/ Aloísio de Abreu/ Nildo Parente/ João Signorelli/ Fernanda Young/ Cristina Ribeiro/ Cristina Montenegro/ Jairo Lourenço/ Paulo Rezende/ Bileco/ Ana Rosa Aboim/ Alana de Mourão/ Tadeu Aguiar/ Denis Carvalho/ Jece Valadão/ Paulo Figueiredo/ Chico Diaz/ Jandir Ferrari/ Cláudia Magno/ Lucinha Lins/ Mara Carvalho/ John Herbert/ Ary Coslov/ Costância Laviola/ Patrícia Novaes/ Betina Vianny.

Abertura

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