Autor Quem?: AGUINALDO SILVA

Nascido em 07 de junho de 1944 no interior de Pernambuco, na cidade Carpina, Aguinaldo Silva veio ao mundo para se tornar célebre, sem jamais abandonar suas raízes e origens. Ao completar dezessete anos, ainda funcionário de um cartório em Recife, escreveu um romance, intitulado Redenção para Jó, que obteve grande sucesso, gerando ainda uma certa polêmica, pois houve rumores que atribuíam a autoria do texto ao jornalista Newton Rodrigues, já um senhor na época, beirando os sessenta anos de idade, editor do importante editorial da capital pernambucana, o Jornal Commercio. Porém, não passaram de boatos.

Em 1962, Aguinaldo Silva foi requisitado pelo jornalista Múcio Borges da Fonseca para trabalhar como repórter, no Última Hora Nordeste, implantado no Recife pela rede de jornais Última Hora, de propriedade de Samuel Wainer. Muito tímido, o rapaz, então com dezoito anos, trabalha cobrindo a área do aeroporto, porém, poucos meses depois, opta por trabalhar internamente, na redação, exercendo a função de copidesque. Com o fechamento do jornal pelo Movimento Militar em 1964, Aguinaldo foi morar no Rio de Janeiro, centro em que esses movimentos estavam efervecentes.
Na nova cidade, passou a trabalhar como repórter policial do Jornal O Globo. Na década de 70, inovou ao criar o primeiro jornal gay do país, O Lampião, um tablóide alternativo, semanal, que não sobreviveu por muito tempo, até devido ao fato de a censura estar mais intolerante do que nunca, nesta época. Antes de ingressar na tv, porém, Aguinaldo já havia utilizado sua veia artística para escrever cerca de 12 livros, em sua maioria, romances.
Já no fim dos barulhentos anos 70, mais precisamente, em 1979, Aguinaldo Silva tem sua primeira experiência na televisão, como um dos roteiristas do seriado "Plantão de Polícia". Aproveitando de sua grande experiência no ramo jornalístico, e pelo fato de ter sido repórter policial, ele se destacava justamente nas discussões dos problemas brasileiros ligados à marginalidade bandalismo, principalmente no choque entre polícia e bandido. Resultado: estréia com pé direito!
Em 1982, o autor é convocado pela emissora, a escrever a primeira minissérie da Tv Globo, e apresenta então "Lampião e Maria Bonita", escrita a quatro mãos, com Doc Comparato. Um clássico da teledramaturgia brasileira. Brilhante momento da emissora, em que novamente Aguinaldo estreava num gênero com pé direito. O texto perfeito, os atores principais e um elenco de primeiro, garantiram o sucesso da minissérie. Não há que não se lembre da perfeita caracterização de Nelson Xavier como o temido Lampião, que acabou por gerar uma grande empatia no público, ao lado de sua Maria Bonita, de uma Tânia Alves incomparável.
No ano seguinte, ainda saboreando o sucesso de "Lampião e Maria Bonita", a dupla é novamente acionada, afim da crianção de uma nova minissérie. "Bandidos da Falange" entra então em ação. Desta vez, o nordeste é deixado de lado, servindo como cenário um Rio de Janeiro diferente. Uma Baixada Fluminense, muito diferente das belezas naturais da capital do Rio, mostradas nas novelas de Gilberto Braga e Manoel Carlos. Excepcional trabalho de criação, bastante violência e roteiro ágil e surpreendente, foram os responsáveis por segurar o público. A minissérie apresentou o amadurecimento da maturidade teledramaturgica, após longa evolução. Trouxe à tona, o problema da criminalidade urbana, os envolvimentos da polícia, os policiais honestos, e a organização secreta dos bandos dentro das penitenciárias, em conexão com o crime organizado fora delas. Com base em fatos reais, criou uma ficção de alto teor de verossimilhança. Aqui, mais do que nunca, Aguinaldo aproveitou de sua vasta experiência no ramo de repórter policial.
Em 1984, a dupla ainda escreve mais uma minissérie "Padre Cícero". Só que desta vez, o sucesso não veio. Não faltaram problemas, como a união dos fatos reais com os fictícios, que se tornou confusa, além dos desdobramentos nos mais arrastados vinte capítulos já vistos na emissora.
No mesmo ano, Aguinaldo se aventura em outro gênero, o das telenovelas, e começa logo numa novelas das oito. Agora em uma nova parceria, com a também estreante Glória Perez - que porém já havia colaborado com Janete Clair em "Eu Prometo", encerrando esta novela, com a morte da autora. Mas parece que este não era o ano de Aguinaldo, pois, apesar do sucesso de público que a "Partido Alto" atingiu, a novela pecou em diversos aspectos, como a precariedade das histórias contadas na trama. Era nítida a falta de sintonia entre os autores, que acarretavam uma série de divergências. A solução então, foi a retirada de Aguinaldo da trama, que continuou com Glória, porém, com a mesma precariedade.

Em 1985, ele adapta para a TV, um romance de Jorge Amado, junto a Regina Braga, "Tenda dos Milagres". Os dois desenvolvem uma trama interessante e envolvente, o que fez com que o livro homônimo - que não era nem uma das obras mais lidas do autor - aumentasse em vendas, quase dez vezes mais. Ainda em 1985, ele é recrutado por Dias Gomes para colaborar com a novela "Roque Santeiro". Seria o verdadeiro início de sua carreira no ramo. O autor escreve cerca de 111 dos 209 capítulos da trama, inclusive, muitos deles com enorme sucesso, alcançando então grande projeção nacional.

Em 1987, entra no ramo dos clichês e escreve "O Outro", utilizando-se da velha fórmula dos gêmeos, em que um toma o lugar do outro. A trama até fez sucesso, e foi o início de uma parceria com Ricardo Linhares, seu mais fiel colaborador.
Em 1988, ele experimenta novamente o gosto dos grandes títulos de sucesso, com "Vale Tudo". Ao lado de Gilberto Braga e Leonor Bassères, ele faz a pergunta: "vale a pena ser honesto no Brasil?". O Brasil parou para assistir a novela, gerando uma verdadeira epidemia. No ano seguinte, Aguinaldo se junta à uma nova dupla, agora formada por ele, Ricardo Linhares e Ana Maria Morethzson. Num novo encontro com os livros de Jorge Amado, eles adaptam o romance Tieta do Agreste, e desenvolvem "Tieta", tendo Betty Faria como personagem-título. Uma verdadeira pornochanchada, trazia de volta a televisão, ainda que em pequenas doses, as boas tramas nordestinas. Um estouro! Em 1990, ele traz mais uma boa minissérie à televisão, "Riacho Doce". Foi a carta na manga utilizada pela Tv Globo, para conter o sucesso de "Pantanal", contando com belíssima imagens, Vera Fischer e Fernanda Montenegro.
A volta definitiva do realismo fantástico seria retomada em 1992, com a estréia de "Pedra Sobre Pedra". O mesmo trio responsável pelo êxito de "Tieta", se reune para escrever mais este sucesso. Quem não se lembra da flor de Jorge Tadeu (Fábio Jr.), ou de Míriam Pires, com seu: "Mistério!". Em 1993, a escrita se confirma: é a volta das boas novelas regionalistas! A afirmação foi garantida pela novela "Fera Ferida", em que o "trio-mágico" baseou-se em tramas e personagens de Lima Barreto, para prender a atenção dos telespectadores, com histórias como as do homem que transforma ossos em ouro e da mulher que inflamava tudo ao redor, quando em contato com seu amor. Mais uma história cheia de tramas por vezes absurdas e popularecas, que só cabem em novelas como estas.
Quatro anos depois, os dois homens do trio se reúnem para mais uma saga fantástica, com "A Indomada", mais uma trama cheia de ações surreais, e personagens que só costumam transitar em novelas de Aguinaldo Silva. Em "A Indomada", o destaque foi o português com o sotaque nordestino, falado pelos personagens, misturado à expressões em inglês. Uma espécie de crítica à dominação que a língua inglesa vem tendo sobre o país. Em 1998, ele supervisiona a novela "Meu Bem Querer", escrita por seu principal colaborador, Ricardo Linhares. Infelizmente, a trama se torna um tremendo e ridículo fracasso, não obtendo êxito em quaisquer aspeto. Já em 1999, é a vez de Aguinaldo fracassar também, com "Suave Veneno", sua primeira novela, contemporânea, sem quaisquer resquício do regionalismo. A trama se esvaziava à cada capítulo, e deve ter sido apagada da memória do autor.
O ano de 2001 marca o retorno de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, com "Porto dos Milagres". A trama duramente criticada no início, por se parecer com "A Indomada", aos poucos vai cativando os telespectadores, e ganhando espaço na memória do público. Aqui ele retorna com o realismo fantástico.
Mas como tudo o que é bom dura pouco, em 2004, ele resolve abandonar de vez este recurso, e pela primeira vez se aventura sozinho a escrever uma trama. "Senhora do Destino" se inicia logo nos anos de chumbo, anos esses em que o autor chegou ao Rio. A trama da nordestina que tem a filha sequestrada, ganha de cara o coração dos telespectadores, apesar de conter pequenos erros grotescos. Apesar de Maria do Carmo (Suzana Vieira), ser nordestina, do "realismo fantástico", não sobrou nem pó, já que Aguinaldo se dizia cansado das mesmas coisas. Que pena!
O autor mantém ainda um recorde: é o único autor brasileiro que só escreve novelas das oito. Que continue asism por muito mais tempo!
Novelas, Minisséries e Seriados:

"Plantão de Polícia" (1979 - Globo - seriado/ roteirista); "Lampião e Maria Bonita" (1982 - Globo - minissérie); "Bandidos da Falange" (1983 - Globo - minissérie); "Padre Cícero" (1984 - Globo - minissérie); "Partido Alto" (1984 - Globo - com Glória Perez); "Tenda dos Milagres" (1985 - Globo - minissérie); "Roque Santeiro" (1986 - Globo - com Dias Gomes); "O Outro" (1987 - Globo); "Vale Tudo" (1988 - Globo - com Gilberto Braga e Leonor Bassères); "Tieta" (1989 - Globo); "Riacho Doce" (1990 - Globo - minissérie); "Pedra Sobre Pedra" (1992 - Globo); "Fera Ferida" (1993 - Globo); "A Indomada" (1997 - Globo - com Ricardo Linhares); "Meu Bem Querer" (1998 - Globo - supervisão de texto); "Suave Veneno" (1999 - Globo); "Porto dos Milagres" (2001 - Globo); "Senhora do Destino" (2004 - Globo); ''Duas Caras'' (2007 - Globo).

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