Quem Será lembrado (ou não) por sua participação em A Favorita

Patrícia PillarNovela que consolida a entrada de João Emanuel Carneiro para o restrito time de autores do horário nobre da TV Globo, "A favorita" terá seu último capítulo exibido nesta sexta-feira em clima de consagração. A trama noir centrada basicamente no enredo principal - a obsessão da vilã Flora (Patrícia Pillar) por Donatela (Claudia Raia) -, e com poucos personagens periféricos, registrou esta semana 51 pontos de audiência.

Destaque absoluto da novela, a psicopata vivida por Patrícia, um papel responsável pela volta da atriz ao horário das 21h, entra para a história da teledramaturgia como uma das maiores megeras da TV. A repercussão é gigantesca: Flora virou sinônimo de maldade e é hit na internet, seja em comunidades de site de relacionamentos ou no YouTube, como inúmeras e hilárias versões para a cena em que canta "Beijinho doce".

Apesar de ter começado com baixo ibope, a trama de Carneiro decolou a partir do capítulo 56, quando a face diabólica da personagem de Patrícia foi revelada. A novela deslanchou e proporcionou mais bons que maus momentos para o elenco (leia os destaques abaixo). Claudia Raia, que tinha uma carreira mais associada aos personagens cômicos e sensuais, cumpriu bem o difícil papel da mocinha cheia de nuances. Já Murilo Benício teve um início morno, mas deu a volta por cima como Dodi, um malandro de figurino impagável.

Além de ter dado espaço para veteranos como Mauro Mendonça, Ary Fontoura e Lilia Cabral brilharem, a trama serviu de veículo para a explosão de jovens como Cauã Reymond, um ator que era mais celebrado pelos dotes físicos que dramáticos.

- Foi um divisor de águas na minha carreira na TV - confirma Cauã, que teve a chance de ir da comédia rasgada ao drama na pele de Halley. - Comecei a novela me vestindo de mulher e tive cenas dramáticas como as que o personagem descobre quem é sua mãe e acha que namora a irmã. O João Emanuel me proporcionou isso e me deu cenas muito boas - destaca o ator.

Intérprete de Orlandinho, que se achava gay, mas descobre-se apaixonado por uma mulher, Iran Malfitano brilhou nos momentos mais cômicos. O ator, que entrou para fazer só uma participação, viu o papel entrar no elenco fixo.

- Deixei de ser visto como rostinho bonito - diz Iran, fazendo piada com uma frase clichê.

O saldo também é positivo para a atriz e cantora Emanuelle Araújo, que viveu a garota de programa Manu.

- Sinto que hoje a minha carreira de atriz está equivalente à de cantora - compara.

Surpreenderam:

CAUÃ REYMOND:Halley foi "o" personagem masculino da novela. E deu ao ator a chance de exercitar humor e drama. "Foi o meu maior personagem na TV", diz o ator, que agora se dedicará ao cinema.

EMANUELLE ARAÚJO: Vocalista da banda Moinho, Emanulle Araújo era mais conhecida como a ex-cantora da banda Eva. Agora, com a ambiciosa garota de programa Manu, provou que também é boa atriz.

IRAN MALFITANO: Defendeu um personagem que teria tudo para cair na pura caricatura. Mas o seu Orlandinho foi responsável por bons momentos cômicos numa novela centrada no drama.

GISELE FRÓES: Cara mais conhecida do teatro, teve sua primeira grande oportunidade na TV e não desperdiçou. Parte de um dos melhores núcleos da trama, fez bonito ao lado de Lilia Cabral e Tarcísio Meira.

MIGUEL RÔMULO: Contracenou de igual para igual com José Mayer e Claudia Raia em cenas dramáticas na pele de Shiva. Termina a novela escalado para a próxima trama das 20h, "Caras & Bocas".

Não emplacaram:

ÂNGELA VIEIRA: Praticamente nada aconteceu com a secretária Arlete, que ficou esquecida por boa parte da trama ou aparecia só para fazer figuração. Reclamações da atriz chegaram à imprensa.

TAÍS ARAÚJO: Depois de ter feito ótimos papéis nas tramas de Carneiro, a atriz pegou um dos personagens mais fracos de "A Favorita": a mimada Alícia, que virou vendedora de cachorro-quente, não aconteceu.

CHICO DIAZ: Átila, o ex-operário que sonhava ser cantor, não teve conflitos suficientes para o ator brilhar, como em "Paraíso tropical". Parece até que ele percebeu isso e atuou no automático.

ROSI CAMPOS: A atriz, que viveu a matriarca cômica de "Da cor do pecado", a primeira novela das 20h do autor, fez agora uma coadjuvante das mais apagadas. Tuca não teve uma só cena para ser lembrada.

JOSÉ MAYER: O próprio autor disse que deu a ele o papel mais difícil da novela. Apesar do esforço do intérprete - que o livrou de um senhor mico -, o maluco beleza Augusto César não era papel para Mayer

0 comentários: